Homens ainda são maioria, mas tabagismo cresce entre mulheres

Em 31/5 é lembrado o Dia Mundial Sem Tabaco. Na Sobam, Unidade de Medicina Preventiva tem grupo de apoio para quem quer parar de fumar

Jundiaí, SP (maio de 2021) – Dados publicados pelo Instituto Nacional do Câncer revelam que os produtos de tabaco matam seis em cada dez consumidores. Todos os anos sete milhões de mortes são causadas pelo tabagismo, e há um custo global em saúde e perda de produtividade para os governos de 1,4 trilhões de dólares.Em Jundiaí, um grupo de cerca de 30 pessoas se reúne mensalmente na Unidade de Medicina Preventiva da Sobam para relatar seu progresso no combate ao tabagismo. 

A predominância dos frequentadores ainda é masculina, mas segundo a pneumologista Flávia Magro Cardoso, coordenadora do grupo Amigo do Pulmão, ultimamente o tabagismo tem crescido entre a mulheres. De acordo com a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia as mulheres, principalmente as jovens, também representam uma população onde a redução ao tabagismo é menos acentuada em relação aos homens. Através de dados recentes da OMS, estima-se que 250 milhões de mulheres em todo o mundo fumam diariamente. Entre 1950 e 2000, cerca de 10 milhões de mulheres morreram devido ao consumo de tabaco, e estima-se que, de 2002 a 2030, esse número chegará a 40 milhões. 

Flávia explica que há três tipos de dependência prevalentes: a química, a psicológica e a por força do hábito. Ela alerta que, apesar de cerca de 90% dos pacientes com câncer no pulmão serem fumantes ou ex-fumantes, essa não é a única doença relacionada ao tabagismo. Há uma conexão muito forte entre o cigarro e a depressão, o excesso de stress e outros sintomas próprios do mundo moderno. Por isso, o ideal para quem deseja parar de fumar é ter acompanhamento multidisciplinar. 

“O tratamento para parar de fumar varia de acordo com cada pessoa”, diz a médica. Segundo ela, em média, nos três primeiros meses de programa, cerca de 60% dos pacientes conseguem se abster do cigarro, com acompanhamento multiprofissional orientado pelo médico junto com psicólogo, nutricionista, educador físico e psiquiatra. Mas tão difícil quanto abandonar o vício é superar as recaídas. “Por isso, acompanhamos individualmente o paciente por um período de pelo aproximadamente seis meses depois de ter abandonado o vício”, explica. 

Flávia também alerta que o uso de narguilés, vaporizadores e cigarros eletrônicos são tão nocivos quanto o cigarro normal. “É um grande erro achar que substituir o cigarro convencional por essas alternativas trará algum benefício. O problema permanece, podendo até ser mais grave. No cigarro há 4.700 substâncias conhecidas, nesses substitutos não sabemos exatamente o que está sendo consumido. E o impacto só será percebido daqui a algum tempo”, explica. 

A médica ressalta que, uma vez superado o vício, é possível perceber, em curto espaço de tempo, uma série de melhorias, que vão desde o reforço da autoestima, passando pelo frescor do hálito, até uma melhor capacidade cardiovascular. “Em 10 anos, quem abandonou o vício tem a mesma a possibilidade de sofrer um ataque cardíaco que aquele que nunca fumou. Por isso, vale muito a pena enfrentar essa doença”, diz.